A editora francesa Hot Mule lançou este mês uma compilação em torno da obra de José Carlos Schwarz para dar a conhecer a música do ativista guineense, figura central da cultura da Guiné-Bissau que morreu em 1977.
"Eu ouvi algumas músicas do Zé Carlos numas 'mixtapes' e apaixonei-me pela canção 'Na Kolonia'. Foi amor à primeira vista. Não percebia o que dizia, mas fiquei cativado. Comecei a ficar obcecado por ele, procurei os discos, tentei pesquisar sobre a sua história, que é emocionante e fascinante, e depois falei com a família, que foram muito generosos ao me confiarem esta missão", contou à agência Lusa o responsável pela editora, Louis Hautemulle.
A compilação "Lua Ki Di Nos" junta canções dos dois álbuns que José Carlos Schwarz lançou juntamente com os Cobiana Djazz nos anos 1970, através da editora francesa Sonafric, onde estão também presentes composições de outro dos grandes vultos da música guineense, Aliu Bari, membro fundador do grupo, juntamente com Mamadu Bá e Samakê.
"Aclamado por gigantes africanos como a Orchestra Baobab [Senegal], Letta Mbulu [África do Sul] ou Miriam Makeba (cantora sul-africana com quem gravou o seu primeiro e único álbum a solo), Zé Carlos e a sua poesia conquistaram uma posição nos anais da Guiné-Bissau. Contudo, esta coleção de músicas continua injustificadamente desconhecida fora do país e das suas diásporas", afirmou a editora sediada em Paris, que se dedica à reedição de discos obscuros.
No contexto da luta de libertação, o conjunto assumiu um papel fundamental no resgate identitário da cultura guineense, revivificando géneros musicais tradicionais como o gumbé e cantando em crioulo guineense, explicou a editora.
Essa postura valeu-lhes uma ligação afetiva junto do povo guineense.
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